Modelo Lógico da Transferência de Tecnologia no Contexto da Avaliação de Programas

Francisco Eduardo de Castro Rocha

Resumo


O setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) voltado à geração de tecnologias na Embrapa Cerrados, um centro de pesquisa ecorregional, abrange uma diversidade de temas relacionados ao Bioma Cerrado. Cada produto ou informação de base tecnológica gerada constitui um ramo de especialização para diversos profissionais que procuram atender as diferentes demandas da sociedade, em especial do mercado agrícola. Por isso, há a necessidade da presença na empresa de um corpo técnico formado por um grande número de profissionais especializados e constituído, em sua maioria, por pesquisadores oriundos das ciências agrárias. Pode-se dizer que a lógica de funcionamento dessa área é de ser centrada no produto.

O setor da Transferência de Tecnologia (TT), recém-estruturado em todas as unidades da Embrapa e complementar ao de P&D, torna-se responsável por estudos (Setor de Prospecção e Avaliação da Transferência - SPAT) e por atividades operacionais (Setor de Implementação e Programação da Transferência de Tecnologia - SIPT) para a viabilização do uso das tecnologias geradas. Por ser voltado ao usuário de qualquer uma das tecnologias da empresa, e tendo seu corpo técnico formado por profissionais oriundos de diversas ciências, inclusive os das ciências humanas, transforma-se em uma área de atuação transversal. Esse reduzido número de profissionais se dá em comparação ao tamanho das equipes de P&D.

Diante desse cenário, pode-se dizer que a lógica de funcionamento do setor de Transferência de Tecnologia se dá com foco no cliente. Assim, a equipe de TT poderá atuar na prospecção de demandas junto ao público-alvo (etapa de estudo ex ante), repassar as demandas tecnológicas que, por ventura, ainda não tenham sido estudadas, mas que constituem problemas para seus usuários e (ou) transferir aos demandantes as tecnologias que já se encontram disponibilizadas para serem usadas (plano/programa de intervenção) e verificar posteriormente os resultados da transferência em curto, médio e longo prazo (etapa de estudo ex post). Para isso, o modelo de transferência equivalente aos processos dos referidos setores SPAT e SIPT, torna-se uma das alternativas à otimização do desempenho da equipe de TT.

Para que o setor da Transferência de Tecnologia, tradicionalmente mais operacional e conhecido pela realização de eventos, como o dia de campo, torne-se tão estratégico quanto o setor de Pesquisa e Desenvolvimento, é necessário que estudos como este se desenvolvam. Nesse caso, a utilização de aportes teóricos e metodológicos relacionados à abordagem comportamental pode contribuir de forma significativa para o enriquecimento dos processos da transferência de tecnologia e consequentemente para uma mudança de paradigma de um setor somente operacional à outro, de ordem estratégico e operacional.

Finalmente, tendo em vista que cursos (graduação e pós-graduação) na área de transferência de tecnologia ainda são escassos, estudar esse fenômeno na lógica da avaliação de programas pode significar o fim da realização de atividades operacionais aplicadas de forma isolada e o início de uma nova prática de atividades integradas, estratégicas e operacionais, no contexto de um plano/programa de intervenção estruturado por um conjunto de avaliações.


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